07 de Abril, as mulheres moçambicanas se enfeitam para celebrar seu dia, exigem suas capulanas dos chefes, maridos, empresas ou simplesmente compram entre amigas as que lhe agrada. Produzem sua roupa ou realizam uma “simples” amarração ou um suave joga a capulana no ombro e fazem das
ruas de mocambique às suas passarelas, desfilam como rainhas pelas ruas de Moçambique.
Como disse o Ivan, “A cidade está pintada de capulas”essa foi a frase que soava muito bem ao
dia !
Após uma conversa de banheiro, às escuras sem enchergar rosto com rosto. Sai para a pista de
dança e aquela mulher que conversei no banheiro me reconheceu e não hesitou em me convidar
para uma festa, no dia seguinte, só para mulheres para celebrarmos o dia da mulher
moçambicana, obviamente eu aceitei! Trocamos telefones e eu fiquei ansiosa e mal podia esperar
por aquele evento.
No dia seguinte antes da festa me dei o luxo de andar pela cidade e ver o querolava nesse tão e esperado dia. Os estabelecimentos estavam repleto de mulheres, sim mulherescom o poder de compra e poder de escolha de como desfrutar seu dia, praia, restaurantes, parques só para mulheres.
Quando eu cheguei na festa pra curtir junto com a Clô, um clube esportivo, levei um choque ao
me deparar com um salão enorme com 90% mulheres, elas eram as donas do jogo, um sorriso
brotou assim como o coração pulsava sem explicações! Dançando, curtindo, rindo, comendo,
bebendo, fumando e sendo donas de si.
Cada grupo de amigas com seus tecidos parecidos.
Cheguei sozinha e um “pouco tarde” (elas chegaram 16h eu cheguei as 18h) e ainda estava cheio.
Eu tentava encontrar a amiga da noite passada, missão quase impossível, mas não era um
problema porque eu fui muito acolhida pelas moçambicanas: “entre”, “sinta-se à vontade”, “se
quiser sentar aqui conosco pode”. Mulheres de todas as idades, homens pelo que eu entendi não
tinham espaço, apenas como trabalhadores do local, seus filhos do sexo masculino, maridos,
namorados e companheiros ali não lhe cabiam o espaço.
Que cena, eu me sentia tão hipnotizada
e encantada com aquele lugar, com tudo aquilo que eu estava a vivenciar, me passava vários
filmes na minha cabeça e aquele desejo de querer ter isso na minha cultura. Um dia em que além
das manifestaçoes por direitos igualitários, tiremos esse dia para que enquanto amigas,
companheiras possamos estar reunidas para nos enxergar para nos permitir VIVER, permitir ser
LIVRES, sem ter horário para voltar pra casa, sem ter regras de como uma mulher deve se
portar, de esquecer que somos mães, esposas, namoradas... de que antes de tudo somos nós e nós.
Me intrigava ver todas aquelas mulheres juntas e reunidas donas de si, brincando, dançando. Eu
não consigo explicar, era mágico. Não havia disputa de a mais linda, pois no grupo de amigas
todas estavam vestidas iguais, um reconhecimento impar de que somos iguais porém com
detalhes diferentes até nas roupas. Acho que a beleza e o amor próprio nos fortalece, nos
fortalecemos a todos os dias que nos sentimos bela. Essa foi uma das várias e outra lições que
aprendi com as mulheres mocambicanas, esse deve ser uns dos segredo de ser uma mulher
polivalente.
Considero também que o dia que essas mulheres reconhecerem seu poder em só comprarem as
capulanas em lojas de mulheres moçambicanas, irem em costureiras ou modista, como elas
dizem, restaurante de mulheres das quais todo esse dinheiro circule em mão de mulheres ia ser a
POTÊNCIA do real dia da mulher moçambicana.
Mas por hora eu já me sinto a mulher mais realizada desse mundo por vivenciar esse momento.
Rebecca Alethéia
08-04-2019
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