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Foto do escritorRebecca Aletheia

Juanita resenha do filme por Rebecca Aletheia



Fui ler as críticas desse filme e todas são com notas muito ruim, talvez eles não saibam qual é a realidade de uma mulher negra, mais velha, que sustenta toda a família em tomar a atitude de ir viajar “sem rumo”, em se redescobrir, em poder desfrutar do auto reconhecimento e das auto descoberta. Então, venho aqui fazer uma resenha oposta do que os especialistas em cinemas dizem.



Mulher negra, mais velha e viajante! Este é teu filme.... acredite! Acho que é muito difícil encontrar histórias de mulheres negras viajantes e sozinhas no cinema - Com mulheres brancas é o que não falta - mas eu posso dizer que o filme Juanita me intrigou... e sinceramente apareceu na minha listinha do Netflix e eu fui conferir de perto.


Esse filme trás muitos elementos importantes que eu gostaria de destacar:


- Uma mulher negra, mãe, avó, tem 2 filhos e uma filha todos em vulnerabilidades sociais, sem emprego, um dos filhos privado de liberdade, a filha tem uma criança da qual a responsabilidade é compartilhado com a avó...


- Juanita trabalha em um hospital como cuidadora uma prática muito comum para profissionais negros, a função de cuidador ou algo do tipo. Atuar na área da saúde demanda saúde mental para o lidar com a vida e morte. Era lá onde Juanita estava a trabalhar.

Tomar a decisão de viajar sozinha nem sempre é muito fácil e nem sempre muito bem compreendida pelas pessoas da sua volta, assim foi com Juanita, ainda mais uma mulher mais velha com as imposições sociais de que tem que cuidar da família.


- Juanita surpreende quando escolhe o lugar apenas por olhar no mapa, acho que este tipo de viagem me identifico mais ainda... não foi tão longe, mas foi para onde o dedo e o coração apontou.

Onde culminou encontros, o encontro com a caminhoneira, caronas inesperadas, cenas essas que se fazem reais nessa vida, onde ficaram amigas e as famosas dicas de viagem, onde ir, o que fazer... Nesta hora enche o peito e os lábios de felicidade com aquela lição prática do cuidar umas das outras. Muitas as vezes precisamos de braços que nos acolhem e ouvidos que nos escutem. Assim foi com Juanita.


- Gosto também quando Juanita impõe seus gostos no restaurante, obviamente em um primeiro instante eu desaprovei tal atitude, mas me trouxe a reflexão o quanto somos mulheres negras de transformações nas cidades em quais passamos. Como temos forças para empreender e foi assim que ela fez no restaurante. Criamos oportunidades e nos redescobrimos, ali houve uma troca mútua, onde todos ganharam. De uma saída de atividades hospitalares para uma cozinha, o que não estava em seus planos e que fluiu, trazendo o aumento do número de fregueses no restaurante, a mudança de cardápio.


- Viajar na viagem e participar de um ato tradicional indígena, se é que posso chama-los assim, trás muita ligação desde uma conexão com natureza e consigo mesma. Juanita participou disso, Juanita pôde se reconectar e se reencontrar. Acho que era isso que ela buscava estar em paz consigo mesma.


- Ahhhh o Lance, romance... seja lá como se descreve, essa parte eu não gosto! Não porque eu não acredite no amor, nada disso, é que deixa a entender que só viajamos em busca de um grande amor. Não é isso, apenas uma busca pelo amor próprio, que felizmente o filme não se prolonga muito nessa parte melosa. Essa parte do amor próprio e de se sentir bem e auto amada é notório quando muitas as falas é: “você fez plástica?” E Juanita sempre ri, é isso nos renovamos, rejuvenescemos e nos amamos na nossa integralidade, basta!


O filho reencontr-se fisicamente com mãe, a filha e a amiga se conectam virtualmente e mostra o quanto há meios de continuar sua conexão com familiares e amigos.


E para aplaudir de pé aquela parte que ela vai partir continuando sua viagem sozinha, sem aquelas juras de amor hollywoodiano de vamos juntos e viveremos felizes para sempre. Não, não! Vc fica e eu vou, e se der... eu volto, não me espere!


Deixo aqui essa dica de filme e me conte depois o que achou.


Beijos de luz,

Rebecca Aletheia




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